sábado, 19 de novembro de 2011

Segura a minha mão


Andando meio sem rumo estava ela. O olhar perdido, sem saber para onde ir denunciava. Ela não sabia o que fazer, não sabia como agir. Estava a horas andando assim, passando por ruas escuras, vielas estreitas. Nem se importava com o perigo, diziam que ali era um pouco perigoso a essa hora da noite, mas ela não ligava. Continuava a andar, perdida, sem rumo.

Ao longe, viu uma casinha simples, mas que pareceu bastante acolhedora. Algo chamou a sua atenção. Viu a figura de um homem andando de um lado para outro, na varanda. Não conseguiu dizer quem era, estava longe e sem óculos. Caminhou em direção à casa.

Chegando mais perto, percebeu que era uma pessoa conhecida. Sim, era ele mesmo, a pessoa que a fazia balançar, que fazia com que perdesse o rumo. Ela sentia algo especial por aquela pessoa, mas não era momento nem local para falar isso. Escondeu-se. Ficou só observando aquele rapaz na varanda, ora olhando para o horizonte à procura de algo, ora entrando e saindo de casa, como se esperasse algo.

Com os olhos apertados para compensar a falta de correção, ficou observando as atitudes daquele cara. Queria entender por que agia assim. Queria saber o porquê daquela agitação toda. Difícil enxergar assim. Não entrava na cabeça dela tamanha agitação. Voltou escondida de onde veio e sumiu na noite.

Passou dia após dia a somente observar as atitudes estranhas (a seu ver) do jovem. Foram quatro no total. Sempre a mesma atitude daquele cara. Não entrava na cabeça dela ele fazer aquelas coisas.

No final do quarto dia, ela tomou coragem e apareceu. Foi andando calmamente e pacientemente em direção à varanda daquela casa. O jovem rapaz parou imediatamente, apesar de estar de costas, e virou-se em direção dela. Os olhos estavam marejados, ficou observando a figura daquela linda mulher caminhar em direção à ele. Param um em frente ao outro. Nada dizem. Apenas se olham. Os olhares dizem tudo, era como se fossem diálogos velados, sem palavras. O rapaz toma coragem e avança. Subitamente é parado por uma barreira, como se tivesse uma espécie de vidro entre os dois. A moça também tenta, mas aquela barreia impede o encontro dos dois. Os dois então socam a barreira. Nada. Nem um arranhão.

Aquele semblante que acompanhava os dois vai embora. Apenas fica um misto de tristeza e desespero. Então o rapaz para. Por uns instantes ele fecha os olhos e se concentra. Move a mão em direção à barreira. A barreira, antes invisível aos olhos dos dois, se abre um pouco, deixando a mão dele passar.

“Vem. Segura a minha mão.”- fala o rapaz. A moça reluta. Não sabe o que a espera, tem medo, receio. Está insegura.

“O que temes?”, pergunta ele. “Saiba que o desconhecido pode parecer amedrontador, mas que não está sozinha. Não mais. Vem. Segura a minha mão. Deixa eu ser o suporte que você precisa, tenta.”- insiste ele.









Segura a minha mão...