Hoje foi a segunda vez que eu voei. As nuvens passando pelo meu rosto dão uma sensação engraçada. Não senti frio. Não senti medo. Só aproveitei o momento. As coisas lá embaixo, pequeninas, pareciam brinquedos. Apenas senti. Apenas voei.
Vi minha casa do alto. Vi meu avô saindo para pescar no lago. Vi minha avó reclamando com ele por algum motivo qualquer. Vi meus pais chegando de carro após voltarem do supermercado. Vi meu cachorro correndo. Era o único que parecia me ver. Ele olhava para cima, latia e corria.
Escondi-me atrás de uma árvore. Fiquei observando. Lá vem ele balançando sua calda, todo desengonçado, com aquela língua pra fora. Seu nome é bem sugestivo, Scooby, homenagem ao meu desenho animado preferido. Pulou e me derrubou, lambeu meu rosto todo. Mamãe o chamou, ele voltou correndo. Nem me viu aqui deitado. Nem pra me ajudar a levantar. Papai prendeu Scooby no cercado. Disse que não queria ele correndo por aí. Ora, ele veio falar comigo. Voltei a voar, afinal hoje era a segunda vez que eu voava.
Voei até minha escola. Estava querendo ver o que estavam fazendo ali dentro que não saiam para aproveitar o dia de sol. Eu estava aproveitando muito bem. Vi que meu lugar estava vazio. Bom, eu estava aqui fora, espiando pela janela. Minha professora está explicando alguma coisa. Vi meus colegas olhando, concentrados, menos uma. Nós tínhamos um namorico. Ela estava olhando para o meu lugar vazio. Notei que uma lágrima teimou sair do seu rosto. Começou a chorar, logo sendo consolada pela professora. Não entendi nada. Melhor sair. Está ficando tarde, acho melhor eu voltar pra casa.
Chego a minha casa, a porta está trancada. Bato, mas parece que ninguém está ouvindo. Dou a volta, fui pelos fundos. A porta estava encostada. Entrei. Vejo mamãe e papai deitados no sofá, abraçados. Parecem dormir. Não vou interromper o momento. Estão abraçados com a minha foto. Estranho... Enfim, vovó está descendo as escadas com uma caixa em mãos. Meus brinquedos. Ué, por que ela guardou meus brinquedos? Passou e nem me viu aqui parado. Seguiu para a cozinha e nem me disse nada. Nessa hora, vovô chegou da pescaria. Mamãe e papai acordaram e foram falar com ele. Nem falaram comigo também. Cegos. Todos se abraçam na cozinha, parecem chorar. Olho para a foto que estavam segurando, sou eu em uma cama de hospital. Na hora lembrei-me deste momento, foi quando eu voei pela primeira vez.
Eu estava cansado de ficar ali e voei, sai do hospital. Não lembro o que estava fazendo ali, só lembro-me da sensação boa que era voar. Voltei rapidinho com aquele gostinho de quero mais.
Lembrei-me da professora dizendo na escola que nem todas as aves voam. Ora, tem pena e não voa? A galinha. A galinha tem pena e não voa. Bom, esta seria uma boa explicação para outro fato: nem todas as pessoas voam. Apenas algumas. Eu voo. Hoje foi a segunda vez que voei. Lembro-me de estar num lugar cheio de gente triste, chorando. Não queria mais ficar ali. Voei. Subi o mais alto que pude. As nuvens passando no meu rosto dão uma sensação engraçada, gostosa. Fiquei ali o quanto pude. Não sei quanto tempo foi, não sei quanto tempo se passou. Só sei que voei...
Vi minha casa do alto. Vi meu avô saindo para pescar no lago. Vi minha avó reclamando com ele por algum motivo qualquer. Vi meus pais chegando de carro após voltarem do supermercado. Vi meu cachorro correndo. Era o único que parecia me ver. Ele olhava para cima, latia e corria.
Escondi-me atrás de uma árvore. Fiquei observando. Lá vem ele balançando sua calda, todo desengonçado, com aquela língua pra fora. Seu nome é bem sugestivo, Scooby, homenagem ao meu desenho animado preferido. Pulou e me derrubou, lambeu meu rosto todo. Mamãe o chamou, ele voltou correndo. Nem me viu aqui deitado. Nem pra me ajudar a levantar. Papai prendeu Scooby no cercado. Disse que não queria ele correndo por aí. Ora, ele veio falar comigo. Voltei a voar, afinal hoje era a segunda vez que eu voava.
Voei até minha escola. Estava querendo ver o que estavam fazendo ali dentro que não saiam para aproveitar o dia de sol. Eu estava aproveitando muito bem. Vi que meu lugar estava vazio. Bom, eu estava aqui fora, espiando pela janela. Minha professora está explicando alguma coisa. Vi meus colegas olhando, concentrados, menos uma. Nós tínhamos um namorico. Ela estava olhando para o meu lugar vazio. Notei que uma lágrima teimou sair do seu rosto. Começou a chorar, logo sendo consolada pela professora. Não entendi nada. Melhor sair. Está ficando tarde, acho melhor eu voltar pra casa.
Chego a minha casa, a porta está trancada. Bato, mas parece que ninguém está ouvindo. Dou a volta, fui pelos fundos. A porta estava encostada. Entrei. Vejo mamãe e papai deitados no sofá, abraçados. Parecem dormir. Não vou interromper o momento. Estão abraçados com a minha foto. Estranho... Enfim, vovó está descendo as escadas com uma caixa em mãos. Meus brinquedos. Ué, por que ela guardou meus brinquedos? Passou e nem me viu aqui parado. Seguiu para a cozinha e nem me disse nada. Nessa hora, vovô chegou da pescaria. Mamãe e papai acordaram e foram falar com ele. Nem falaram comigo também. Cegos. Todos se abraçam na cozinha, parecem chorar. Olho para a foto que estavam segurando, sou eu em uma cama de hospital. Na hora lembrei-me deste momento, foi quando eu voei pela primeira vez.
Eu estava cansado de ficar ali e voei, sai do hospital. Não lembro o que estava fazendo ali, só lembro-me da sensação boa que era voar. Voltei rapidinho com aquele gostinho de quero mais.
Lembrei-me da professora dizendo na escola que nem todas as aves voam. Ora, tem pena e não voa? A galinha. A galinha tem pena e não voa. Bom, esta seria uma boa explicação para outro fato: nem todas as pessoas voam. Apenas algumas. Eu voo. Hoje foi a segunda vez que voei. Lembro-me de estar num lugar cheio de gente triste, chorando. Não queria mais ficar ali. Voei. Subi o mais alto que pude. As nuvens passando no meu rosto dão uma sensação engraçada, gostosa. Fiquei ali o quanto pude. Não sei quanto tempo foi, não sei quanto tempo se passou. Só sei que voei...
"... e enquanto aqueles estranhos correm pelas ruas, eu voo sem medo..."
ResponderExcluirAdoro textos poéticos!
Voei e adorei!!
ResponderExcluirAdorei seu blog! Nem imaginei que vc escrevia sobre coisas tão sensíveis. Lindo! Já tô seguindo.
ResponderExcluir