segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Pânico na Floresta


Ela corria, o medo e o escuro só aumentavam quando ela sentiu suas pernas ficarem cada vez mais fracas. O medo e o pavor tomavam conta.

Caiu no meio da floresta. Não conseguia enxergar direito por onde andava muito menos de onde tinha vindo. Não conseguia se levantar, estava exausta.

O uivo, ao longe, foi a única coisa que ouviu. Foi o bastante para conseguir um pouco de força e continuar a correr. Correr para longe daquilo.

Sem forças, caiu novamente. Dentro de si, sabia: chegou a sua hora. Não conseguia gritar. Não conseguia pedir ajuda. Chorar era a única coisa que lhe restava. Então, chorou. Chorou batante.

Não queria morrer. Tinha apenas 15 anos malfeitos. Ainda tinha muita coisa para aproveitar da vida.

A sede de viver era muita. A vontade de seguir em frente e fugir daquilo a fez ficar em pé novamente. Cada passo era um desafio. As pernas não paravam de tremer.

E o uivo? Cada vez mais perto. Ela ouvia. Engoliu o choro e continuou no penoso caminho. Podia sentir o bafo quente da criatura se aproximando.

Ouvia, agora, nitidamente o barulho das garras se aproximando cada vez mais. Não tinha coragem de olhar. Seguiu bravamente enquanto pode...

Sentiu um golpe. Apenas um. Algo a empurrou fazendo com que batesse a cabeça em uma pedra. Sentiu o sangue jorrar, sentiu perder as forças, sentiu que tudo se apagava.

Novamente aquele bafo quente. Agora sim, real. Era o bafo de um animal grande. Não poderia ser um lobo, lobos daquele tamanho? Isso não seria possível. Ainda tonta, sentiu ser levada. Sentiu a pelagem da criatura, agora andando ereto enquanto a segurava.

Tentava gritar, mas a exaustão e, agora, a dor que sentia a impediam. Ainda fraca pela perda de sangue, ainda sem forças, tentava sair das mãos daquilo. Em vão. Não conseguia. Era muito mais forte do que ela.

Medo agora era a palavra. O que queria com ela? Por que a perseguiu pela floresta, à noite? Ela estava tranquila antes, estava caminhando pelo lago, observando a lua cheia que nascia. Estava maravilhada pelo espetáculo que acontecia, nem percebeu que este poderia ser o seu último.

Chegou a uma caverna no pé de uma montanha. Não enxergava mais nada, estava muito escuro, realmente. Apenas a luz da lua na entrada fazia com que soubesse que era uma caverna.

Barulhos, grunhidos na verdade, de pequenas criaturas. Não conseguia ver direito, mas pareciam uma versão miniatura daquilo que a trouxe para aquele lugar.

Medo. Medo era o que sentia, mas por pouco tempo ficou sendo o que sentia mais forte. Agora era a dor. Sentiu a sua perna esquerda ser dilacerada, como se fosse cortada por algo afiado. Gritou alto. Chorava e soluçava. Pedia para parar, que não aguentava mais.

Era o fim. Chegou o fim. Seria morta brutalmente em uma caverna escura. Que fim para uma garota que apenas gostava de passear pelo lago...

Quando esperava pelo golpe fatal, ouviu a criatura berrar. Um berro de dor. Tonta por tudo o que estava acontecendo, sem conseguir enxergar muito bem, viu apenas a criatura cair, ao seu lado.

Conseguiu se arrastar para longe daquilo, e sentou. Ouviu ainda mais dois grunhidos e berros, agora mais fracos. Não entendia nada.

Viu que algo ou alguém se aproximava. Deitou-se em posição fetal, tentando se defender de um possível novo ataque, protegendo a cabeça. Ouviu uma voz dizendo:

- Calma! Estás muito ferida! Agora apenas relaxe...

Não podia acreditar. Era uma pessoa que estava ao seu lado. A mão do homem começou a brilhar, estava segurando a sua perna bastante ferida. O brilho fez com que sentisse melhor, a dor havia passado.

- Não consigo fazer melhor aqui. - falou o homem. - Venha, deixe eu te segurar!

Não sentia dor. Não sentia medo. Sentia que podia confiar em seu salvador. Ele havia lhe tirado de perto daquelas criaturas e, aparentemente, acabou com todas.

Chegando do lado de fora da caverna, pode ver quem era o seu herói: Kalinus. Sim, Kalinus, clérigo do templo da sua cidade. Ele que povoava os seus sonhos.

Sonhava com isso, sonhava que, um dia, seria salva por ele. De pesadelo, passou a ser um doce sonho real. Como é que são as coisas. Havia sonhado noites e noites com o que ocorrera, mas nunca pensou que poderia vir a se tornar real.

Aquela noite na floresta tornou-se o início de uma história que nunca mais foi esquecida por ambos, o dia em que o sonho se tornou real, o dia em que encontrou o seu herói, o dia em que o herói apareceu, o dia em que tudo começou...

2 comentários:

  1. AVE! O que e-xa-ta-men-te começou???
    Isso é cruel. Pode contar o resto!
    ;P
    Muito legal, como sempre!
    ^^
    Tha

    ResponderExcluir
  2. Hahahaha =D

    E quem sabe?
    Vamos ver se me inspiro para fazer outro...
    Tá precisando.

    ResponderExcluir