Ele a olhava pela janela. Sentia sua tristeza e frustação. Todo dia era a mesma coisa: ela saia para trabalhar com aquele olhar abatido, tentando disfarçar algo. Tentava esconder de todos o que realmente sentia, tentava esconder de todos os seus sentimentos. Tentava em vão. Não tinha como, ele a conhecia como ninguém, sabia que tinha algo errado.
Já há vários dias a mesma coisa. Já há vários dias o mesmo olhar. Já há vários dias aquele pesar. Não tinha como ele não perceber, se tinha alguém que conhecia aquela garota bem mesmo, esse alguém era o seu melhor amigo, o seu vizinho. Se alguma coisa acontecia, se tinha algo que a deixava triste, se tinha algo que a consumia por dentro, por que não dizer? Por que tentar esconder?
Não, ele gostava demais dela. Não podia deixar as coisas acontecerem sem tentar ajuda-la. Era o seu melhor amigo, tinha que tentar ajudar. Na verdade, desde criança, sentia por ela mais que amizade, sentia por ela algo maior. Tentava entender o que sentia, tentava entender o que ela sentia. Tentava entender...
Ele a olhava pela janela. Sentia sua tristeza e frustação, mas havia um momento em que tudo sumia: quando se encontravam, quando aqueles olhos dela, azuis como o mar, encontravam os olhos escuros dele. Um sorriso cheio de felicidade vinha. Eram alguns segundos, mas pareciam horas, os dois se olhando, sem dizer muita coisa. Nem precisavam, pra falar a verdade. Apenas com o olhar já se entendiam. Apenas com o olhar já diziam tudo. Era como se ela pedisse ajuda. Era como se ele tentasse procurar o motivo. Era uma verdade velada.
Nem sempre foi assim, nem sempre foi triste. Quem a conhece mesmo, sabe. Ela era a felicidade em pessoa, sempre com o maior sorriso, sempre distribuindo simpatia. Quem a conhece mesmo... Será que ele a conhecia mesmo? Como, de uns dias pra cá, tudo mudou?
Pensou, pensou, refletiu, mas nada. A única maneira era chegar nela e perguntar o que se passava. Sabia que ela não gostava muito de dizer o que sentia com todas as palavras, mas iria tentar.
Esperou ela voltar do trabalho. Ele morava sozinho desde quando se mudou para o mesmo prédio dela, há 2 anos e 4 meses. Ela morava com a mãe e seus 2 gatos de estimação. Encontraram-se na portaria, fingiu que havia chegado naquele momento também. Cumprimentaram-se e subiram, era o mesmo andar.
No elevador, a mesma coisa, os mesmos olhares camuflados, mesmo naquele momento. Ele tentou puxar assunto, mas ela sempre cortava. Será que não queria se abrir com o seu melhor amigo? Nem com ele, que esteve sempre ao seu lado?
Foram caminhando até a porta do apartamento dela. Ela entrou e, quando ia fechar a porta, o chamou para entrar um pouco, para conversar. Parecia segurar o choro. Ele entrou.
Ela pediu para que ele a esperasse um pouco, iria lavar o rosto e já voltava. Ele sentou no sofá e esperou. Algo chamou a sua atenção: a casa dela estava tão vazia, tão triste... Ela voltou, havia trocado de roupa também, colocou algo mais confortável, e veio sentar ao seu lado.
Estava muito triste, estava segurando o choro. Ele disse que não havia nada que ela não podia contar, que estaria sempre ao seu lado, tentaria procurar uma maneira de ajuda-la, não importava o que fosse preciso. Ela o abraçou, agora já chorando. Alguns minutos assim, apenas com ele a consolando e ela chorando.
Enxugou os olhos, aqueles olhos azuis, agora avermelhados, e beijou a boca dele. Um beijo cheio de desejo, um beijo a muito aguardado pelos dois. Pediu desculpas depois, falou que sempre quis beijá-lo, que o amava muito, mas que não o merecia.
Ele a segurou firme, pediu que parasse de falar besteira, ele sempre a amou, que estava lá pra ela, estava lá por ela, estava lá porque a amava e se preocupava com aquela garota que estava na sua frente.
Ela se levantou do sofá, se ajoelhou em sua frente e pediu perdão. Disse que havia feito algo terrível, que ele tinha que sair dali. Ele ficou sem entender. O que estava acontecendo?
Agora ele sentia um cheiro forte. Não conseguia sentir antes, estava com o nariz entupido, estava gripado. Mas agora o cheiro já estava forte. Perguntou a ela que cheiro ela aquele. Ela começou a chorar novamente. Ele levantou e seguiu em direção à fonte do cheiro, onde estava mais forte. Parecia vir de um quarto. Ela nem tentou o impedir, ficou lá, ajoelhada, com as mãos no rosto, e chorando.
Chegando ao quarto, logo perto da porta, viu um tufo de pelos. Entrou pela porta e se deparou com uma cena horrível: os gatos estavam mortos, em cima da cama. Parece que haviam sidos cortados, havia sangue em toda parte.
Uma cara de terror e pavor agora era o que ele tinha. Não sabia o que fazer, não sabia o que dizer. Viu uma trilha de sangue que ia em direção ao banheiro da suíte. O medo tomou conta dele. Assustado e nervoso, seguiu em direção àquelas marcas. Nossa, era demais para ele. A mãe do seu amor estava na banheira, morta, cheia de cortes. Sangue, muito sangue.
Levou as mãos à cabeça e se ajoelhou, incrédulo. O que havia acontecido? O que... Nesse momento, sentiu uma facada pelas costas. E outra, e outra. Olhou para trás e viu o que mais temia: aquela garota que amou desda infância, em prantos, segurando a faca ensanguentada. Foi a última coisa que viu, a última coisa que sentiu. Não via mais nada, não sentia mais nada. Fechou os olhos e morreu.
Um grito no apartamento. Uma garota voando pela janela do 15º andar, caindo em cima de um carro estacionado na rua. Desfecho digno de filme, de páginas policiais. Desfecho de uma história perturbada, de uma mente insana.
Ele acordou, havia dormido olhando pela janela. Já era 18h. Assustado ainda com o pesadelo, por ter dormido a tarde inteira, olhou e a viu, o seu amor, o olhando pela janela. Morava no primeiro andar, dava para ver quem entrava e saia do prédio, viu bem a hora que ela chegou do trabalho, abriu um sorriso e mandou um beijo.
Ela morava no 15º andar mesmo, como no sonho. Morava com a mãe e dois gatos, como no sonho. Uma pergunta veio a sua mente: Por onde anda a mãe do seu amor? Dias que não a via...
Já há vários dias a mesma coisa. Já há vários dias o mesmo olhar. Já há vários dias aquele pesar. Não tinha como ele não perceber, se tinha alguém que conhecia aquela garota bem mesmo, esse alguém era o seu melhor amigo, o seu vizinho. Se alguma coisa acontecia, se tinha algo que a deixava triste, se tinha algo que a consumia por dentro, por que não dizer? Por que tentar esconder?
Não, ele gostava demais dela. Não podia deixar as coisas acontecerem sem tentar ajuda-la. Era o seu melhor amigo, tinha que tentar ajudar. Na verdade, desde criança, sentia por ela mais que amizade, sentia por ela algo maior. Tentava entender o que sentia, tentava entender o que ela sentia. Tentava entender...
Ele a olhava pela janela. Sentia sua tristeza e frustação, mas havia um momento em que tudo sumia: quando se encontravam, quando aqueles olhos dela, azuis como o mar, encontravam os olhos escuros dele. Um sorriso cheio de felicidade vinha. Eram alguns segundos, mas pareciam horas, os dois se olhando, sem dizer muita coisa. Nem precisavam, pra falar a verdade. Apenas com o olhar já se entendiam. Apenas com o olhar já diziam tudo. Era como se ela pedisse ajuda. Era como se ele tentasse procurar o motivo. Era uma verdade velada.
Nem sempre foi assim, nem sempre foi triste. Quem a conhece mesmo, sabe. Ela era a felicidade em pessoa, sempre com o maior sorriso, sempre distribuindo simpatia. Quem a conhece mesmo... Será que ele a conhecia mesmo? Como, de uns dias pra cá, tudo mudou?
Pensou, pensou, refletiu, mas nada. A única maneira era chegar nela e perguntar o que se passava. Sabia que ela não gostava muito de dizer o que sentia com todas as palavras, mas iria tentar.
Esperou ela voltar do trabalho. Ele morava sozinho desde quando se mudou para o mesmo prédio dela, há 2 anos e 4 meses. Ela morava com a mãe e seus 2 gatos de estimação. Encontraram-se na portaria, fingiu que havia chegado naquele momento também. Cumprimentaram-se e subiram, era o mesmo andar.
No elevador, a mesma coisa, os mesmos olhares camuflados, mesmo naquele momento. Ele tentou puxar assunto, mas ela sempre cortava. Será que não queria se abrir com o seu melhor amigo? Nem com ele, que esteve sempre ao seu lado?
Foram caminhando até a porta do apartamento dela. Ela entrou e, quando ia fechar a porta, o chamou para entrar um pouco, para conversar. Parecia segurar o choro. Ele entrou.
Ela pediu para que ele a esperasse um pouco, iria lavar o rosto e já voltava. Ele sentou no sofá e esperou. Algo chamou a sua atenção: a casa dela estava tão vazia, tão triste... Ela voltou, havia trocado de roupa também, colocou algo mais confortável, e veio sentar ao seu lado.
Estava muito triste, estava segurando o choro. Ele disse que não havia nada que ela não podia contar, que estaria sempre ao seu lado, tentaria procurar uma maneira de ajuda-la, não importava o que fosse preciso. Ela o abraçou, agora já chorando. Alguns minutos assim, apenas com ele a consolando e ela chorando.
Enxugou os olhos, aqueles olhos azuis, agora avermelhados, e beijou a boca dele. Um beijo cheio de desejo, um beijo a muito aguardado pelos dois. Pediu desculpas depois, falou que sempre quis beijá-lo, que o amava muito, mas que não o merecia.
Ele a segurou firme, pediu que parasse de falar besteira, ele sempre a amou, que estava lá pra ela, estava lá por ela, estava lá porque a amava e se preocupava com aquela garota que estava na sua frente.
Ela se levantou do sofá, se ajoelhou em sua frente e pediu perdão. Disse que havia feito algo terrível, que ele tinha que sair dali. Ele ficou sem entender. O que estava acontecendo?
Agora ele sentia um cheiro forte. Não conseguia sentir antes, estava com o nariz entupido, estava gripado. Mas agora o cheiro já estava forte. Perguntou a ela que cheiro ela aquele. Ela começou a chorar novamente. Ele levantou e seguiu em direção à fonte do cheiro, onde estava mais forte. Parecia vir de um quarto. Ela nem tentou o impedir, ficou lá, ajoelhada, com as mãos no rosto, e chorando.
Chegando ao quarto, logo perto da porta, viu um tufo de pelos. Entrou pela porta e se deparou com uma cena horrível: os gatos estavam mortos, em cima da cama. Parece que haviam sidos cortados, havia sangue em toda parte.
Uma cara de terror e pavor agora era o que ele tinha. Não sabia o que fazer, não sabia o que dizer. Viu uma trilha de sangue que ia em direção ao banheiro da suíte. O medo tomou conta dele. Assustado e nervoso, seguiu em direção àquelas marcas. Nossa, era demais para ele. A mãe do seu amor estava na banheira, morta, cheia de cortes. Sangue, muito sangue.
Levou as mãos à cabeça e se ajoelhou, incrédulo. O que havia acontecido? O que... Nesse momento, sentiu uma facada pelas costas. E outra, e outra. Olhou para trás e viu o que mais temia: aquela garota que amou desda infância, em prantos, segurando a faca ensanguentada. Foi a última coisa que viu, a última coisa que sentiu. Não via mais nada, não sentia mais nada. Fechou os olhos e morreu.
Um grito no apartamento. Uma garota voando pela janela do 15º andar, caindo em cima de um carro estacionado na rua. Desfecho digno de filme, de páginas policiais. Desfecho de uma história perturbada, de uma mente insana.
Ele acordou, havia dormido olhando pela janela. Já era 18h. Assustado ainda com o pesadelo, por ter dormido a tarde inteira, olhou e a viu, o seu amor, o olhando pela janela. Morava no primeiro andar, dava para ver quem entrava e saia do prédio, viu bem a hora que ela chegou do trabalho, abriu um sorriso e mandou um beijo.
Ela morava no 15º andar mesmo, como no sonho. Morava com a mãe e dois gatos, como no sonho. Uma pergunta veio a sua mente: Por onde anda a mãe do seu amor? Dias que não a via...
Muito bom esse! Bom mesmo...
ResponderExcluirSempre surpreende!
Vlw Thaís. =D Bom que gostou!
ResponderExcluirviziiiiiiiiiiinho
ResponderExcluirgostei muito dos seus textos!
você é um danado de um 'escrevedor'!!
#megusta
E lá estava eu lendo uma história de amor...
ResponderExcluirQuerido, vc sempre me surpreendendo, né? Gostei muito!