Comecei a andar pela trilha. Apenas um caminho havia. Comecei a seguir. Passo a passo. Cauteloso. Não dava para enxergar muito bem, uma névoa estava cobrindo todo o percurso. Mesmo assim segui.
Ouvi zumbidos ao longe. Não consegui identificar, mas pareciam vespas. Ouvi gritos. Gritos de dor. Gritos de pânico. Parei. Olhei para os lados. Nada encontrei. A névoa foi se dissipando. Passei a ver vultos ao longe. Nossa. Que visão perturbadora. Vi pessoas correndo, desesperadas, com vespas e moscas gigantes as perseguindo, sendo picados e gritando. Passei sem ser incomodado.
Cheguei à beira do rio. Olhei para um lado, olhei para o outro e nenhum sinal de ponte. Eu sabia que tinha que atravessá-lo, só não sabia como. Uma voz me dizia para soar a trombeta. Olhei mais atentamente para minha esquerda e lá estava, uma trombeta feita com um chifre de algum animal. Foi o que eu fiz, segui o que a voz dizia.
Vi surgir lá do outro lado do rio um barco. Ele veio navegando, lentamente, até o meu encontro. O barqueiro avisou que para me levar ao outro lado do rio eu deveria pagá-lo. Neste momento bati as mãos nos bolsos. Peguei em um deles uma moeda de ouro. Olhei assustado, não sabia como havia a conseguido. A voz dizia para entregar e prosseguir. Foi o que eu fiz.
Toda vez que tentava puxar assunto, o barqueiro me ignorava. A viagem demorou alguns minutos. Ele avisou que, quando retornasse, poderia chama-lo. O pagamento era ida e volta. Era a única moeda que eu tinha mesmo.
Desci do barco e, quando fui caminhar, senti todas as minhas forças sendo sugadas. Nessa hora eu apaguei. Não me lembro de mais nada, apenas de acordar em um lugar escuro. Não sabia como cheguei lá. Vi um castelo ao longe. Parecia rodeado por um pequeno rio. Havia pessoas perto de mim, falavam e olhavam em minha direção. Segui andando até ser abordado por uma pessoa. Ele disse que se chamava Minos. Perguntou meu nome. Respondi. Ele disse que não deveria estar ali. Parou um pouco, leu em uma ficha algo e disse que eu deveria seguir. Disse também que eu saberia o caminho. A voz me disse para ir em frente. Foi o que eu fiz, segui em frente.
Cheguei a um lugar onde ventos fortes varriam tudo. Vi pessoas sendo levadas por estes ventos. Elas se machucavam, gritavam. Não podiam fazer nada, não conseguiam se segurar. Era forte, mas não o suficiente para me levar. Aparentemente, para eles era o bastante.
Andando pelo meu caminho, sempre orientado pela voz em minha mente, vi pessoas atoladas em lama. Uma forte chuva de granizo, gelo, neve, água suja caia constantemente. Uma visão perturbadora. E só aumentou o terror quando percebi um monstro ali presente. Era uma espécie de cão, só que maior, com três cabeças. Tinha também calda de serpente. Ele esfolava, arranhava, esmagava e dilacerava as pessoas que ali se encontravam. Gritos de terror, dor e pânico era o que eu ouvia. Segui em frente, desviando daquilo tudo.
Vi em um morro pessoas carregando enormes pedras que pareciam ser bastante pesadas. Alguns conseguiam chegar ao topo, mas eram forçados a largar o que tinham a muito custo levado até ali. Eram obrigados a recomeçar. Arranhões, cortes profundos, membros perdidos e quebrados era o de menos. Eles regeneravam-se e eram obrigados a refazer tudo. Continuei.
Cheguei a uma cachoeira do que pareciam água e sangue fervente. Vi um pequeno barco um pouco menor do que o do barqueiro que me ajudou a atravessar mais atrás. A voz me disse para seguir e atravessar aquele rio com a ajuda deste barco. Parecia ser perigoso, mas o fiz.
Pessoas tomadas por fúria estão por toda a parte. Elas se debatem, se estranham e chegam até mesmo a se enfrentarem. Alguns tentam até subir no barco, mas o impeço com chutes e golpes com remo. Percebo que algumas estão no fundo, atoladas na lama, sem conseguir sair. Os olhos daquelas pessoas e toda sua ira não sairão mais da minha cabeça.
Consegui atravessar o rio. Comecei a caminhar e logo encontro um portão do que deve ser uma cidade. Ela é cercada por fogo e um fosso profundo. Vi demônios no alto das paredes, alguns voando, outros apontando em minha direção. Percebi o alvoroço que causei. Eles pareciam bastante inquietos com a minha presença. Não demorou muito e alguns vieram me atacar.
Eu não podia fazer nada, estavam em maior número. Quando estavam chegando perto, um anjo chegou perto de mim e, com uma varinha, abriu o portão da cidade. Olhou para os demônios e falou:
- Ai de quem tocar nele! Se pensam que estão sofrendo agora, experimentem encostar um só dedo!
Após dizer isso, ele subiu e sumiu. Com um temor que parecia inesgotável, aquelas criaturas me deixaram passar. Ainda percebi, ao longe, um monstro gigante, com várias cabeças de serpente. Cada uma delas estava me olhando e encarando, mas encarei de volta e passei seguindo em frente.
Demorei um pouco para perceber, mas estava atravessando túmulos. Centenas deles. Milhares deles. Aquilo ali era um grande cemitério. Não nego, me senti desconfortável, mas precisava seguir.
Cheguei ao que parecia um grande precipício circular. Só havia um caminho a seguir. Fui andando por ele até encontrar um rio do que parecia sangue fervente. Imerso nele estavam várias pessoas. Algumas apenas com a sobrancelha para fora, outros tem apenas o peito de fora. Vi seres metade homem e metade cavalo atirando flechas em alguns que tentavam elevar-se. Pareciam guardar o lugar. Passei contornando sem que fosse notado.
Deparei-me com uma imensa floresta com árvores sombrias. Gritos lamentosos eram o que podia se ouvir ali. As árvores pareciam sofrer. Vi alguns seres emplumados fazendo ninhos em suas copas e, juro, saia sangue das folhas. Uma imensa tristeza era o que eu sentia nesse local.
Aquele lugar era realmente estranho, fui parar em um deserto incandescente, estéril e sem vida. Vi pessoas sendo castigadas por uma chuva constante de fogo. Por mais que tentassem correr, as chamas os atingiam. O desespero era inacreditável. O cheiro da carne queimada era insuportável. Corri para um rio que havia ali e segui por suas margens de pedra.
Um ser gigante me chama e oferece uma passagem até a próxima parte. Tratava-se de Gerião. Veio conversando comigo, perguntando o que eu fazia por ali, já que não deveria estar naquele lugar. Nisso, foram uns dez minutos de conversa. Nem percebi quando chegamos além do rio. Falou que deveria seguir a trilha e desejou-me boa sorte.
Estava em um lugar cheio de pedras e cor de ferro, como naquela muralha que passei. Existem vários fossos interligados com pontes. Vejo pessoas sendo açoitadas por demônios, obrigando-lhes a fazer o que desejam. Parece não ter vontade própria, são submetidos aos caprichos daqueles seres.
Outro lugar me chamou a atenção pelo cheiro. Cheiro forte de fezes e esterco. Vi pessoas imersas, mas não quis passar muito tempo por ali perto. Estava passando mal já. Apressei o passo.
Vi em outro lugar o que pareciam covas onde pessoas eram queimadas. O desespero era geral. Passei apressado e me deparei com uma cena bizarra: vi pessoas com as cabeças viradas ao contrário, andando e esbarrando uns nos outros, bem como caindo e se machucando. Não sabiam para onde andavam. Ao lado, vi piche fervente com pessoas submergidas. As que tentavam sair eram flechadas por demônios sádicos. Procurei logo a ponte que ligava à próxima parte, ao próximo fosso.
Passei correndo e vi pessoas com capas pesadas brilhantes, parecia chumbo. Não quis nem saber do que se tratava e passei apressado. Estranho o que estava por vir: vi pessoas sendo devoradas por serpentes. O mais esquisito é que algumas serpentes tinham traços humanos. Não fiquei para saber mais, corri. Os castigos estavam ficando piores. Parece que, quanto mais desço, piores eles ficam. Procurei logo a ponte.
Em outro fosso, vi pessoas sendo envoltas em chamas, oceanos de lava e tempestade contínua de raios. Não era um lugar muito bom de ficar, parti para a ponte que ligava à próxima etapa. Vi demônios munidos de espada golpeando pessoas. Cabeças cortadas, corpos mutilados, braços e pernas sem dono era uma visão constante. Atravessei outra ponte e caminhei para outro fosso. Aqui vi pessoas cobertas por lepra e sarna. Literalmente os seus corpos estavam podres. Cabeças decepadas, pessoas esqueléticas e sedentas estavam por toda parte.
Percebi que os fossos tinham acabado e me deparei com vários gigantes. Era, realmente, intimidador, fiquei imóvel. Um deles se aproximou e diz que o seu nome é Anteu, oferece para me ajudar. Subi na palma da sua mão. Ele me leva até a próxima parte.
Cheguei a um lago congelado. Vejo alguns submergidos até o tórax, outros até o pescoço. Vi também alguns com apenas os rostos para fora. Vi que alguns choravam e suas lágrimas logo congelavam. Vejo um caminho no gelo e sigo.
Cheguei a uma espécie de caverna e vejo um ser gigante, com três rostos. Ele estava preso até a cintura no gelo, mas suas asas de morcego estavam soltas. Cada batida delas produzia um vento que podia ser sentido de longe. Em uma rajada dessa eu me desequilibrei e caí. Para meu azar, rolei para perto da criatura. Não deu tempo de fazer nada, fui atacado por ela. Sua face do meio, em um golpe certeiro, me mordeu. Não senti nada, apenas tudo escureceu...
Dor não sinto. Não sei onde estou, está tudo escuro. Não consigo me mexer. Não tenho nada a fazer, a não ser esperar. Esperar não sei o quê. Esperar não sei por quem. Agora estou aqui, esperando. Apenas minhas memórias me fazem companhia. Eu e minha solidão. Eu e minha mente castigada. Não sei há quanto tempo estou aqui, não tenho mais noção de tempo. Um dia espero sair dessa situação. E espero.
Ouvi zumbidos ao longe. Não consegui identificar, mas pareciam vespas. Ouvi gritos. Gritos de dor. Gritos de pânico. Parei. Olhei para os lados. Nada encontrei. A névoa foi se dissipando. Passei a ver vultos ao longe. Nossa. Que visão perturbadora. Vi pessoas correndo, desesperadas, com vespas e moscas gigantes as perseguindo, sendo picados e gritando. Passei sem ser incomodado.
Cheguei à beira do rio. Olhei para um lado, olhei para o outro e nenhum sinal de ponte. Eu sabia que tinha que atravessá-lo, só não sabia como. Uma voz me dizia para soar a trombeta. Olhei mais atentamente para minha esquerda e lá estava, uma trombeta feita com um chifre de algum animal. Foi o que eu fiz, segui o que a voz dizia.
Vi surgir lá do outro lado do rio um barco. Ele veio navegando, lentamente, até o meu encontro. O barqueiro avisou que para me levar ao outro lado do rio eu deveria pagá-lo. Neste momento bati as mãos nos bolsos. Peguei em um deles uma moeda de ouro. Olhei assustado, não sabia como havia a conseguido. A voz dizia para entregar e prosseguir. Foi o que eu fiz.
Toda vez que tentava puxar assunto, o barqueiro me ignorava. A viagem demorou alguns minutos. Ele avisou que, quando retornasse, poderia chama-lo. O pagamento era ida e volta. Era a única moeda que eu tinha mesmo.
Desci do barco e, quando fui caminhar, senti todas as minhas forças sendo sugadas. Nessa hora eu apaguei. Não me lembro de mais nada, apenas de acordar em um lugar escuro. Não sabia como cheguei lá. Vi um castelo ao longe. Parecia rodeado por um pequeno rio. Havia pessoas perto de mim, falavam e olhavam em minha direção. Segui andando até ser abordado por uma pessoa. Ele disse que se chamava Minos. Perguntou meu nome. Respondi. Ele disse que não deveria estar ali. Parou um pouco, leu em uma ficha algo e disse que eu deveria seguir. Disse também que eu saberia o caminho. A voz me disse para ir em frente. Foi o que eu fiz, segui em frente.
Cheguei a um lugar onde ventos fortes varriam tudo. Vi pessoas sendo levadas por estes ventos. Elas se machucavam, gritavam. Não podiam fazer nada, não conseguiam se segurar. Era forte, mas não o suficiente para me levar. Aparentemente, para eles era o bastante.
Andando pelo meu caminho, sempre orientado pela voz em minha mente, vi pessoas atoladas em lama. Uma forte chuva de granizo, gelo, neve, água suja caia constantemente. Uma visão perturbadora. E só aumentou o terror quando percebi um monstro ali presente. Era uma espécie de cão, só que maior, com três cabeças. Tinha também calda de serpente. Ele esfolava, arranhava, esmagava e dilacerava as pessoas que ali se encontravam. Gritos de terror, dor e pânico era o que eu ouvia. Segui em frente, desviando daquilo tudo.
Vi em um morro pessoas carregando enormes pedras que pareciam ser bastante pesadas. Alguns conseguiam chegar ao topo, mas eram forçados a largar o que tinham a muito custo levado até ali. Eram obrigados a recomeçar. Arranhões, cortes profundos, membros perdidos e quebrados era o de menos. Eles regeneravam-se e eram obrigados a refazer tudo. Continuei.
Cheguei a uma cachoeira do que pareciam água e sangue fervente. Vi um pequeno barco um pouco menor do que o do barqueiro que me ajudou a atravessar mais atrás. A voz me disse para seguir e atravessar aquele rio com a ajuda deste barco. Parecia ser perigoso, mas o fiz.
Pessoas tomadas por fúria estão por toda a parte. Elas se debatem, se estranham e chegam até mesmo a se enfrentarem. Alguns tentam até subir no barco, mas o impeço com chutes e golpes com remo. Percebo que algumas estão no fundo, atoladas na lama, sem conseguir sair. Os olhos daquelas pessoas e toda sua ira não sairão mais da minha cabeça.
Consegui atravessar o rio. Comecei a caminhar e logo encontro um portão do que deve ser uma cidade. Ela é cercada por fogo e um fosso profundo. Vi demônios no alto das paredes, alguns voando, outros apontando em minha direção. Percebi o alvoroço que causei. Eles pareciam bastante inquietos com a minha presença. Não demorou muito e alguns vieram me atacar.
Eu não podia fazer nada, estavam em maior número. Quando estavam chegando perto, um anjo chegou perto de mim e, com uma varinha, abriu o portão da cidade. Olhou para os demônios e falou:
- Ai de quem tocar nele! Se pensam que estão sofrendo agora, experimentem encostar um só dedo!
Após dizer isso, ele subiu e sumiu. Com um temor que parecia inesgotável, aquelas criaturas me deixaram passar. Ainda percebi, ao longe, um monstro gigante, com várias cabeças de serpente. Cada uma delas estava me olhando e encarando, mas encarei de volta e passei seguindo em frente.
Demorei um pouco para perceber, mas estava atravessando túmulos. Centenas deles. Milhares deles. Aquilo ali era um grande cemitério. Não nego, me senti desconfortável, mas precisava seguir.
Cheguei ao que parecia um grande precipício circular. Só havia um caminho a seguir. Fui andando por ele até encontrar um rio do que parecia sangue fervente. Imerso nele estavam várias pessoas. Algumas apenas com a sobrancelha para fora, outros tem apenas o peito de fora. Vi seres metade homem e metade cavalo atirando flechas em alguns que tentavam elevar-se. Pareciam guardar o lugar. Passei contornando sem que fosse notado.
Deparei-me com uma imensa floresta com árvores sombrias. Gritos lamentosos eram o que podia se ouvir ali. As árvores pareciam sofrer. Vi alguns seres emplumados fazendo ninhos em suas copas e, juro, saia sangue das folhas. Uma imensa tristeza era o que eu sentia nesse local.
Aquele lugar era realmente estranho, fui parar em um deserto incandescente, estéril e sem vida. Vi pessoas sendo castigadas por uma chuva constante de fogo. Por mais que tentassem correr, as chamas os atingiam. O desespero era inacreditável. O cheiro da carne queimada era insuportável. Corri para um rio que havia ali e segui por suas margens de pedra.
Um ser gigante me chama e oferece uma passagem até a próxima parte. Tratava-se de Gerião. Veio conversando comigo, perguntando o que eu fazia por ali, já que não deveria estar naquele lugar. Nisso, foram uns dez minutos de conversa. Nem percebi quando chegamos além do rio. Falou que deveria seguir a trilha e desejou-me boa sorte.
Estava em um lugar cheio de pedras e cor de ferro, como naquela muralha que passei. Existem vários fossos interligados com pontes. Vejo pessoas sendo açoitadas por demônios, obrigando-lhes a fazer o que desejam. Parece não ter vontade própria, são submetidos aos caprichos daqueles seres.
Outro lugar me chamou a atenção pelo cheiro. Cheiro forte de fezes e esterco. Vi pessoas imersas, mas não quis passar muito tempo por ali perto. Estava passando mal já. Apressei o passo.
Vi em outro lugar o que pareciam covas onde pessoas eram queimadas. O desespero era geral. Passei apressado e me deparei com uma cena bizarra: vi pessoas com as cabeças viradas ao contrário, andando e esbarrando uns nos outros, bem como caindo e se machucando. Não sabiam para onde andavam. Ao lado, vi piche fervente com pessoas submergidas. As que tentavam sair eram flechadas por demônios sádicos. Procurei logo a ponte que ligava à próxima parte, ao próximo fosso.
Passei correndo e vi pessoas com capas pesadas brilhantes, parecia chumbo. Não quis nem saber do que se tratava e passei apressado. Estranho o que estava por vir: vi pessoas sendo devoradas por serpentes. O mais esquisito é que algumas serpentes tinham traços humanos. Não fiquei para saber mais, corri. Os castigos estavam ficando piores. Parece que, quanto mais desço, piores eles ficam. Procurei logo a ponte.
Em outro fosso, vi pessoas sendo envoltas em chamas, oceanos de lava e tempestade contínua de raios. Não era um lugar muito bom de ficar, parti para a ponte que ligava à próxima etapa. Vi demônios munidos de espada golpeando pessoas. Cabeças cortadas, corpos mutilados, braços e pernas sem dono era uma visão constante. Atravessei outra ponte e caminhei para outro fosso. Aqui vi pessoas cobertas por lepra e sarna. Literalmente os seus corpos estavam podres. Cabeças decepadas, pessoas esqueléticas e sedentas estavam por toda parte.
Percebi que os fossos tinham acabado e me deparei com vários gigantes. Era, realmente, intimidador, fiquei imóvel. Um deles se aproximou e diz que o seu nome é Anteu, oferece para me ajudar. Subi na palma da sua mão. Ele me leva até a próxima parte.
Cheguei a um lago congelado. Vejo alguns submergidos até o tórax, outros até o pescoço. Vi também alguns com apenas os rostos para fora. Vi que alguns choravam e suas lágrimas logo congelavam. Vejo um caminho no gelo e sigo.
Cheguei a uma espécie de caverna e vejo um ser gigante, com três rostos. Ele estava preso até a cintura no gelo, mas suas asas de morcego estavam soltas. Cada batida delas produzia um vento que podia ser sentido de longe. Em uma rajada dessa eu me desequilibrei e caí. Para meu azar, rolei para perto da criatura. Não deu tempo de fazer nada, fui atacado por ela. Sua face do meio, em um golpe certeiro, me mordeu. Não senti nada, apenas tudo escureceu...
Dor não sinto. Não sei onde estou, está tudo escuro. Não consigo me mexer. Não tenho nada a fazer, a não ser esperar. Esperar não sei o quê. Esperar não sei por quem. Agora estou aqui, esperando. Apenas minhas memórias me fazem companhia. Eu e minha solidão. Eu e minha mente castigada. Não sei há quanto tempo estou aqui, não tenho mais noção de tempo. Um dia espero sair dessa situação. E espero.
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